
Tem dia que a gente pega pra lembrar de um monte de coisa. Estou com pneumonia, e como consequência, afastada por 5 dias do trabalho. Tá dando bastante tempo de lembrar do passado, mais precisamente da adolecência.
Me lembrei dos trabalhos de escola. Da minha pressa em chegar aos 15 anos. Depois aos 18. Depois aos 21. Agora, com 30, fico lembrando de quando eu tinha doze...
Era muito bom. Eu era cercada de amigos. Na cidade onde eu morava, eu era diferente. Andava diferente. Me vestia diferente das outras meninas. E por conta disso, todo mundo queria se aproximar, saber mais, quem eu era e de onde eu vinha.
Era uma época boa: eu estudava, fazia trabalhos de escola, ganhava alguns prêmios em feiras culturais. Tempo bom, que não volta mais...
Agora, já não sou diferente. Já não tenho tantos amigos. E quem eu acho que é meu amigo, me engana...
Me lembro ás vezes de duas primas minhas que juraram "amizade eterna" quando eu voltei pra São Paulo. " A gente nunca vai deixar de te escrever!!! Não se preocupe!!", elas disseram. A última carta?? Recebi em 1997, um cartão de Natal bem pequeno, que parecia mais um convite de chá de bebê, de tão pequeno que era, deixando claro que a promessa de cartas e amizade eterna não existem.
Tinha outra também que eu sempre escrevia pra ela. Foi minha professora de português na escola. Eu escrevia, ela demorava pra responder, mas sempre respondia. Porém na última carta, ela me disse que ia mudar de cidade. Eu respondi (porque eu sou idiota o suficiente pra acreditar que amizades são eternas), dizendo que eu ia torcer pra que tudo desse certo. Mais tarde descobri que ela não tinha mudado de cidade, e que me pareceu, embora eu possa estar enganada, que era só pra dar um fim na obrigação de ficar escrevendo pra uma ex-aluna chata apegada em pessoas que pararam de existir.
Porém, pra minha suspresa, na minha página de Orkut, apareceu uma prima minha que eu conversava também, mas não era tão apegada quanto aquelas duas que eu citei. Me senti ótima, porque eu pensei que só eu me lembrava dos outros. Posso dizer, só por causa dela, que eu tenho uma amiga que sempre me liga, se preocupa, está longe, mas muito mais perto do que meu vizinho. Cada vez que eu falo com ela pelo MSN, ou pelo telefone, ela me traz lembranças boas, falamos da escola, dos colegas, dos trabalhos, das idas ao mercado... da cidade com chão de terra, do medo dos nosso pais, das nossas conversas. Aprendi que do meu passado, eu só me lembro das coisas boas. E quem se esqueceu de mim?? Eu também esqueci...
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